A transposição de cursos fluviais era um dos maiores desafios da construção viária, cuja resolução foi conseguida através da construção de pontes, um dos grandes avanços tecnológicos da engenharia da época. Cumprindo as normas vitruvianas de solidez, utilidade e beleza (firmitas, utilitas e venustas), as pontes romanas foram justamente consideradas, pela sua robustez técnica e beleza arquitetónica, como obras de arte.
Na Geira subsistem vestígios de 3 pontes: as pontes da Ribeira de Maceira e da Ribeira do Forno, em Albergaria (milha XXXII) e a ponte de São Miguel, sobre o Rio Homem (milha XXXIII), construídas para ultrapassar cursos de água que, em momentos de maior pluviosidade, atingem grande volume de caudal e força extrema de corrente. Estas três pontes foram desmontadas em 1642, a mando de Dom Gastão Coutinho, Governador de Armas da Província de Entre-Douro-e-Minho, por altura da Guerra da Restauração, para inviabilizar a invasão do Reino através da Geira.
Em Albergaria é possível ver vestígios das duas pontes romanas que aí existiam: sobre a margem direita do Rio Maceira é ainda visível a sólida estrutura do encosto da ponte, com fiadas isódomas em cantaria de pedra, assim como a camada de enchimento para o arranque do arco. As sondagens arqueológicas realizadas em 78 permitiram identificar as caraterísticas do miolo dos paredões e do frontal de arranque da ponte, bem como perceber a configuração do braço Norte da Ponte; sobre a Ribeira do Forno são visíveis os alicerces da ponte em ambas as margens, sendo estes compostos por um sólido aparelho de blocos graníticos almofadados, dispostos em fiadas regulares horizontais.
A Ponte de São Miguel, a obra de arte mais imponente da Geira no lado atualmente português do traçado, terá sido desmontada no mesmo momento e com a mesma justificação que as pontes existentes em Albergaria, tendo sobrevivido os encostos laterais, estruturas imponentes pela sua robustez, isodomia e qualidade estética.
Conservam ainda a primeira fiada do arranque dos arcos, que seriam dois, com robusto pegão central. No local da sua predecessora romana foi colocada recentemente uma outra ponte, com tabuleiro em madeira, que garante a travessia do Rio Homem no local.




