No decorrer dos primeiros 1160 m do percurso, a envolvente ambiental da milha é pautada por bouças com coberto arbóreo denso, composto essencialmente por eucalipto, com presença pontual de carvalhos. Na transposição do talvegue do Ribeiro de Surdeira, o denso coberto arbóreo dá lugar, momentaneamente, a campos de cultivo em socalco. A partir dos 1160 m, aproximadamente, e até ao entroncamento com a estrada florestal por onde prossegue
a Geira, sensivelmente aos 1149 m de milha, a envolvente ambiental do compõe-se essencialmente de vegetação arbustiva, com raros espécimes arbóreos. Nas primeiras dezenas de metros do entroncamento com a estrada florestal, a Geira cruza novamente uma bouça densamente florestada com eucalipto, seguindo-se novamente uma extensa área de vegetação arbustiva presente até à milha seguinte.
A partir da aldeia de Santa Cruz, a Geira foi sobreposta pela Estrada Municipal 1265 até ao entroncamento com um caminho florestal aos 1459m de milha. Esta EM1265, no troço em que se sobrepõe à Geira, encontra-se pavimentada com macadame.
No início da milha é possível observar, sobre a direita, um conjunto de 7 padrões, identificados em 1981 nas obras de requalificação da estrada municipal. Estes padrões apresentam uma ampla dispersão cronológica, entre os finais do Séc. I d.C. e meados do séc. IV d.C. O miliário dedicado ao Imperador Tito Flávio e ao seu irmão Domiciano, apresenta a expressão “VIA NOVA FACTA”, assinalando a construção da Geira em 80 d.C., ano do VIII consulado de Domiciano.
Cinco dos sete padrões associados a esta milha, atualmente dispostos num largo aberto sobre o lado direito da estrada, foram identificados aquando do alargamento da EM 1265 em 1981, assumindo-se, portanto, que este será o local original da milha.
Segundo informações de um dos trabalhadores envolvidos na obra, os outros dois vieram de Chamoim e de Moimenta-a-Nova. O de Chamoim funcionava, à data da recolha, como peso de lagar e o de Moimenta encontrava-se reaproveitado num muro.
A cerca de 452 m de milha, é possível ver, sobre um afloramento rochoso existente na margem direita do caminho, uma cruz, sobre peanha dentada, em alto-relevo, apresentando um estilo formal que remete para o imaginário estilístico do séc. XVIII.
Não sendo um ponto de encruzilhada, a presença deste elemento de sacralização, num ponto de domínio visual sobre o Vale do Homem, a poente, poderá estar relacionado com um ponto de pousa relativo aos cortejos fúnebres do lugar de Santa Cruz para a Igreja de São Mateus da Ribeira. Também é possível que este elemento se relacione com o uso da Geira como caminho jacobeu (Lemos et. al.: 2008, p.154).










